De «Olhinhos da Franqueada» recebemos uma mensagem para publicação. Ilustrado com a figura do Duque de Loulé (Litografia de J. A. Correia, 1867, existente na Biblioteca Nacional), segue o texto:
«Sensibilizou-nos a referência que de passagem faz ao nosso e-mail. No entanto, preferimos continuar no anonimato, embora siga a nossa verdadeira identificação apenas para quem dirige a página, esperando eu que cumpram sigilo.
«Por hoje, apenas uma pergunta: não há terra importante deste país, a começar por Lisboa, que não tenha uma avenida, uma rua, um largo, uma travessa que seja com o nome do Duque de Loulé.
«Temos até o convencimento de que, por largos e largos decénios, o nome de Loulé entrou mais no ouvido dos portugueses por causa do duque e não tanto pela terra em si – o que significa que o duque louletano prestou um grande serviço à terra onde por acaso não nasceu mas cujo nome assumiu até ao fim da vida, interrompida por aquele odioso assassinato em Salvaterra de Magos.
«Não percebo porque razão Loulé esquece o nome do Duque de Loulé... Parece um paradoxo. Não seria um bom nome ao menos para uma escola? À escola básica, por exemplo, deram o nome da Mãe Soberana... Que falta de senso e de gosto!
«Olhinhos da Franqueada»
Nota da Gente: Ora aqui está um tema para pensar. Na verdade, a cidade de Loulé está cheia de artérias com nomes que nada dizem seja a quem for, nomes que terão sido pensados sobre o joelho, e – mais grave – mal descritos, a rondar a ignorância. No caso daquele que foi um dos mais célebres e importantes primeiros-ministros do Século XIX, julgamos que o Município de Loulé, por via da Biblioteca Municipal ou do Arquivo Histórico, algum dia, deveria promover um seminário, uma jornadas, um ciclo, qualquer coisa, sobre a figura do Duque de Loulé e como o nome de Loulé entrou e ficou politicamente na figura do Duque. Seja como for, o nome de Loulé está lá: ele foi Duque de Loulé e não barão do Pechão. «Ollhinhos da Franqueada» tem razão, escreva sempre, respeitaremos o sigilo sobre a sua identidade – por caso é uma grande figura louletana, não podemos dizer mais. GGL
4 comentários:
Inteiramente de acordo! Nunca tinha pensado nisso mas de facto é escandaloso que Loulé não tenha uma Avenida Duque de Loulé!
Faz todo o sentido. É a primeira onda de reacção.
Ainda por cima o homem é bonito e atraente.
Depois, interrogo-me sobre o que é que ele teria feito por Loulé.
Talvez um pouco de nada ou coisíssima nenhuma.
Além disso era monárquico e os louletanos são maioritariamente republicanos.
O GGL, que ainda não está na toponímia de Loulé, faz mais pela gente louletana num ano, que o Duque fez toda a vida.
Se o Duque foi casado, devia existir a Duquesa, e, aí está um nome bem mais simpático-- Avenida Duquesa de Loulé.
Mecancas
Oh Mecancas, apesar do seu honroso nome de escola, você não tem razão. O Duque de Loulé foi um liberal dos mais avançados do seu tempo e conivente com os ideiais que haveriam de resultar na fundação do movimento republicano (que foi tardio em Portugal). E por Loulé fez uma grande coisa: celebrizou o nome. Outros, semdo de Loulé, mancharam-no...
Conde Ferreira
Sou desde há muito admirador da figura histórica do 1º Duque de Loulé, cujo mote político "Ordem e Liberdade" traduz bem o projecto cívico por que se bateu e que foi precursor de muitas das ideias políticas hoje consolidadas na nossa democracia.
Acresce que o 1ºDuque de Loulé casou com a Infanta Ana de Jesus Maria (filha do Rei D. João VI e da Rainha Carlota Joaquina), na descendência dos quais veio a recair a representação da Casa Real de Portugal, tendo em atenção o impedimento da linha miguelista de suceder no trono, decretado pela Lei de Proscrição e Banimento de 19.12.1834, depois confirmado pelo artigo 98º da Constituição de 1838. Este ordenamento jurídico manteve-se em vigor até à queda da monarquia, como é geralmente sabido.
Por outro lado,a descendência portuguesa de D. Pedro IV extinguiu-se com a morte, sem geração, do Rei D. Manuel II.
Assim, actualmente, cabe a representação da linha dinástica constitucional ao 4º neto dos 1ºs Duques, que é D. Pedro, VI Duque de Loulé, representante, além de outros títulos e vínculos, do Morgado da Quarteira (hoje Vila Moura), instituido pela sua família em 1413.
Todas estas são razões para Loulé evocar a memória do 1º Duque e prestar-lhe, ainda que tardiamente, uma publica e justa homenagem.
Martim Teixeira de Castro
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