24 de outubro de 2012

Mar de Quarteira. Quilómetros à mão

E quanto ao mar, é precisamente em dia chuvoso, como este 24 de outubro, e pela areia húmida que, numa aberta, mais vale andar à beira do mar em Quarteira que andar nas bocas do mundo das regateiras. Pelos molhes cheira a perfume marítimo, no mercado não há peixe que faça enjoar da boga à faneca. Os prédios altos são navios ancorados pois Quarteira, que era o caos, agora dá prova de ser o mais belo cais do mundo - do caos se fez cais . Esta noite, a Lua Crescente está 62 % visível mas as nuvens são como o Orçamento de Estado, cortam. Falar com um velho pescador é ouvir 75% da sabedoria, e beber um cafezinho onde se ouça ainda assim a rebentação das ondas, lendo ou relendo o livro do poeta Pardal, vale mais que a soma de todos os canais pagos ou gratuitos de televisão que todos espremidos não valem uma alforreca, e cujos artistas de novela putativa mais os seus comentadores plumitivos são como as conchas das vieiras que rolam – já tiveram marisco se é que alguma vez foram marisco.

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